sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

ARDINA UMA BEBIDA QUE OS PRÓPRIOS ARDINAS BATIZARAM

 A Adega  Mesquita  foi sempre um local de encontro não só de fadistas  e amantes do fado e como tal amantes da noite. Abundavam clientes dos mais variados setores das atividades comerciais,  industriais,  o   Era o Bairro Alto o epicentro das rotativas de quase todos  os jornais diários, desportivos,  revistas e como consequência logica, jornalistas abundavam que trabalhavam de muito cedo até noite fora para que os jornais cedo chegassem a todas os pontos de venda da cidade  e arredores e preparação para terras mais distantes. Era  aqui  que a azáfama era notória , os Ardinas  faziam chegar bem cedo a todos os locais os jornais  e revistas mais vendidas. Falo de ardinas, sim essa figura que de sacola cheia de jornais  e cujo peso era  demais para alguns franzinos corpos   numa aparência bem enganadora, ativa para os vários andares cujas janelas ficavam abertas para esse fim. Cada ardina tinha clientes certos  num território onde todos se respeitavam. 

                   UM  ARDINA PARA AQUECER E CONSULAR AALMA|! 

Bem ao lado da Adega Mesquita havia uma casa de pasto de seu nome « PORCO SUJO» o nome não condiz muito bem com a realidade, no entanto assim lhe chamavam  por ter as mesas em mármore e nelas colocavam as refeições sem que lhes fosse colocada qualquer toalha. De grosso modo os pratos servidos eram na base de peixe frito  acompanhado de vinho tinto das barricas vindas da zona de Bucelas que tinha a particularidade das pipas serem transportadas numa carroça puxada  por um rubos- to cavalo ruço.

 Era nesta casa que, durante as frias madrugadas se  aquecia  com uma curiosa bebida  a que  chamavam de ARDINA  em honra dos ardinas que  por lá passavam Mesmo assim muitas outras pessoas  ali passavam para beber esta quente bebida. Eu comparava  este habito  com  o Cacau da Praça da Ribeira onde os amigos da noite se deslocavam para o conforto e aconchego do estomago.

  O que era a bebida?  Penso que toda a gente conhece ou conheceu  os copos de 3, de vidro  que eram normais  em quase todas as tabernas. Também era normal haver de madrugada café de saco para toda a noite. Assim se preparava rapidamente a bebida,  no copo, metade de aguardente e a outra parte de café bem quente, açúcar a gosto e polvilhava-se com canela. 

   Para quem nunca  bebeu um "Ardina " vale a pena fazer esta experiência, vai gostar sobretudo se estiver constipado  e com frio.

                                                                                                     

                                                                                        ISAIAS CORDEIRO        




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