VISITAÇÃO DA COMENDA DA VILA D E CASTELO BRANCO
13 DE NOVENBRO DE 1507
Sábado, treze dias do mês de Novembro do ano do Senhor de mil quinhentos e sete anos , chegaram os ditos visitadores comigo e com Rodrigo Ribeiro, escrivães da dita visitação, na vila de Castelo Branco, cabeça da comenda de Mogadouro, para haverem de visitar as coisas que aí tem a dita ordem.
Acharam por comendador da dita comenda a Frei Duarte de Sousa Fidalgo da casa de El-Rei nosso Senhor e cavaleiro da dita ordem presente da dita visitação.
Viram primeiro igreja da dita vila cuja invocação é de Nossa Senhora Santa Maria, a qual visitaram estando também presente Frei Fernández, vigário da dita igreja com alguma parte de fregueses dela.
Viram a ousia, que quer dizer, parede da parte lateral da igreja do lado que vem o vento, que tem as paredes de pedra e barro rebocada de fora com cal e mal calafetadas de dentro, nivelada de novo nível de pinho sobre as asnas que o dito comendador mandou nivelar e o terreno dela é piçarra não muito plano, e na dita parede lateral tem um altar, dizem que sagrado, posto sobre mociço e nele uma imagem de vulto Vulto Velho e mal pintada, e dentro da dita parede uma casa de tesouro pequena coberta de telha vã.
Tem a dita parede um arco bom de predaria e a parede dele da parte de dentro por calafetar, e da parte de fora pintada com um crucifixo e outra imagens. Forrado por cima um pouco de tabuado de pinho sobre as asnas e tem aos lados do dito dois altares ornamentados.
O corpo da igreja tem também as paredes de pedra e barro calafetadas de dentro e de fora e está igualmente madeirada e coberta e telha vã e tem a um canto uma pia de Batizar cerrada com seu tampão e um degrau ao redor.
Arredado da dita igreja tem um campanário de barro e calafetado de cal com seu arco cerrado e nele dois sinos de boa grandeza e dentro da igreja tem uma campainha de levantar a Deus e outra de comungar.
O terreno da dita igreja está numa barranqueira muito desigual.
Titulo os dos Ornamentos que aí foram encontrados
Primeiramente uma cruz de Frandes quase nova.
Um cálice de prata branca e velho com sua patena peso menos muito de um marco, e outro Cálice de chumbo velho.
Uma vestimenta nova de chamelote amarelo, com seu sevastro broslado e bom, toda comprida , forrada de boquesim negro , que deu o dito comendador.
Um manto de zerzagania velho ainda para servir, com sua estola e manipulo sem alva. Uma vestimenta de pano de linha usada toda comprida.
Uns corporais novos delgados e bons que deu o dito comendador.
Um par de castiçais de Frandes pequenos, um frontal pintado já muito usado.
Huns mannteens atoalhados proves, e de trás da imagem um lençol velho.
Um par de galhetas velhas quebradas, e uma boceta com os óleos sagrados e uma caldeira de água benta.
Um missal místico muito grande e velho de pergaminho de pena apontado que também serve serve de altar e assim estão e outos livros velhos que já não servem.
Uma boa Ara sagrada encastoada em paao.
Uns ferros de fazer hóstias.
Acharam por vigário da dita igreja um Frei, Pedro Fernandes Freire da dita ordem apresentado à dita vigairia pelo dito, comendador e confirmado mostrou por sua carta arcebispo de Braga segundo mostrou por sua carta de confirmação , a qual carta fazia menção da dita apresentação obrigado a ministrar aí os sacramentos aos fregueses da dita igreja e dizer missa aos domingos e festa e dois dias da semana, scilicet na segunda feira á segunda feira e também á sexta. E assim o acharam por obrigado por um capelão que sirva as capelas anexas na dita igreja. silicite a capela de Sam Sebastião de Vale Verde e também a capela de Sam Bento de Meirinhos alternatim e que haja de ministrar aí os sacramentos aos fregueses e lhes dizer missa todos os domingos e festas e dois dias na semana e o dito vigairo o satisfaz de seu salário, pelo que da dita ordem tem.
Acharam que o dito comendador é obrigado á fabrica da parede da dita igreja de Santa Maria e assim por aí os ornamentos , e os fregueses são obrigados ao corpo da igreja e ornamentar os altares de fora da parede.
Viram as casas que aí tem o comendador as quais de muito tempo a cá estão em pardieiros, segundo no tombo da dita comenda faz menção.
Estas são as coisas que mandaram fazer e por na dita igreja
Mandaram primeiramente ao dito comendador por serviço de Nosso Senhor e bem e honra da dita igreja e descargo da sua, visto o grande crescimento da renda que agora a dita sua comenda rende que ele mande um bom cálice de prata pondo mais um marco de prata com a prata do cálice que na dita igreja está que é muito pequeno e pobre, e mande fazer ao altar um retábulo e nela pintada a imagem de Nossa Senhora com as mais imagens em que ele tiver devoção de boas pinturas com seu guardanapo, ou mande aí por uma imagem boa de Nossa Senhora de Vulto, altura de quatro palmos, com suas cortinas e guarda pó de sarja coloradas qual mais lhe prouver. E assim fará abaixar tanto o terreno da parede , ousia) que e possa fazer ao altar um bom degrau o qual mandará fazer em predaria e fará lajear ou ou ladrilhar a dita ousia e cafelar e pincelar muito bem e tirara fora os poiafes que lá estão e mandará trestelhar para o altar e cintar de cal de maneira a que não chova nela , e poerá aí mais um missal místico de forma para o altar e um frontal de linho bem pintado e umas toalhas de flandres
para as festas, e dois panos negros com seis cruzes para a quaresma.
Pouco mais ou menos mandem fazer um bom campanário de pedra com seu arco cerrado em que ponham ambos os ditos sinos, sobre pena de pagarem vinte cruzados de ouro para as obras do convento de Tomar. E por todo o mês de fevereiro do ano seguinte de quinhentos e oito, porem na dita igreja panos negros com suas cruzes para com que se cubram as imagens do crucifixo e as que estão os altares de fora da ousia , que assim cumprirão sob pena de mil reais para as obras do do dito convento.
Viram mais os ditos visitadores a visitação do Bispo de Lamego em cuja diocese está a dita comenda e mandaram que se cumprisse tudo o que nela é conteúdo.
Mandara ao dito comendador sob pena de obediência que em cada um ano, ou de dois em dois, ou ao mais de tres anos preveja e mande prover as terras de suas comendas e saiba se por ventura são, mantidas na posse das demarcações e confrontações que ora de novo pelos ditos visitadores se fez segundo se achara pelo tombo das ditas comendas, do qual ele procurará por haver o treslados e assim o pusera muita diligencia em mandar arrecadar seus foros e direitos, por quanto souberam que por frouxidão, e pouco cuidado de muitos comendadores , a ordem em muitos casos seus direitos, e os povos se acolhem a posse e prescrição, e assim mande prover sobre as vinhas da ordem que agora se descobriram em Miranda e os empraze ou arrecade de guisa que não se tornem a sonegar como antes andavam .
Dada no logo da Rua julgado de Caria a XXl de Dezembro de 1507.
Dom João Pereira.
E foi publicada esta visitação ao dito comendador por mim Frei Francisco no dito lugar da rua ,dia e mês e era sobredita.
OBS: Texto recolhido em documentos das visitações das comendas
Isaías Cordeiro