ESTÁ EM MARCHA MAIS UM ATENTADO AO PATRIMÓNIO RELIGIOSO
EM TOM DE CARTA ABERTA
Não se compreende muito bem o porquê mas parece ser facto consumado o retirar as escadas da igreja matriz desta freguesia. As novas escadas encontram-se já em corte em Mogadouro e por este facto não tardará que mais uma barbaridade vá acontecer. É urgente travar esta medida custe o que custar pois destruir património construído antes o ano de 1532 no caso as escadas no alçado principal desta igreja em melhor estado que outras existentes em todo o Nordeste constitui um crime contra o património desta freguesia.
Dizem os autores desta barbaridade que as escadas estão velhas e são muito estreitas e os mais velhos não as conseguem descer. Pois bem, com o devido respeito pelos velhos pergunto se não haveria velhos desde o século XVI nesta freguesia. e para além do mais a igreja possui uma porta lateral bastante larga sem degraus e que muitas pessoas idosas e não só utilizam não sendo obrigatório subir ou descer pela escadas da porta do alçado principal.
O pároco em outras freguesias de sua conta sabe que as urnas são retiradas do interior da igreja exactamente pela porta lateral quando a porta principal nem sequer escadas tem. Conceito ou presunção? Ou ainda,quer deixar a sua marca na história desta freguesia? Pela positiva não é e esqueça que da lei da morte não se liberta desta forma.
A avaliar pelas obras anteriores que tanto algumas pessoas apreciaram só pode resumir-se numa simples frase:
Muito pouco resta nesta aldeia das marcas da grandeza ao longo dos séculos sobretudo no que ao património religioso diz respeito e do românico pouco ou nada existe.
Teve esta aldeia e ainda tem alguns ilustres cónegos padres aqui nascidos nesta tão grande Freguesia de outrora dos quais humildemente cumpririam a sua missão de forma exemplar aqui, Bragança.Angola, Moçambique e atrevo-me a dizer, por todo o mundo que deles precisou.
A este propósito e porque até conheci nos meus três anos da guerra em Moçambique uma missão em Malatane no norte da Africa Oriental de nome, S.Luis Gonzaga de Malatane fundada pelo Albicastrense" Padre António Maria Lopes. Em livro publicado em 1950 cujo titulo é Espírito Missionário Português e aquando do seu regresso a Castelo Branco os seus sucessores escreveram,"Nunca é demais afirmar que o Padre Lopes olhava com caridade primeiro para os outros e só depois para ele. Por isso a casa das irmãs , o hospital, as escolas e internatos são bons edifícios enquanto que a residência missionaria é o pior da Missão.
Foram nascidos em Castelo Branco:
-Padre Carlos Alberto Moura
- Conego Luis José Afonso Ruivo
- Conego Antonio Nogueira Afonso
-Padre Antonio Maria Lopes (Já a cima referido)
-Padre Orlando Martins
-Padre Avelino Neto
-Padre Anibal Varizo
- Padre Norberto Borges
Outros que cá passaram
- Padre Eugénio
-Padre Luis
Todos estes primaram na manutenção da igreja no seu todo ou seja no corpo , sua estrutura e sua entidade enquanto lugar de culto respeitando um património de elevado valor. Não se conhece que algum deles tivesse opinado ou efectuado o tipo de obras que colocasse em causa este valor histórico da igreja Matriz desta freguesia coisa que nos últimos anos vem acontecendo.
Percorrendo o Nordeste Transmontano numa vista ao património religioso coisa que já fiz mais que uma vez e pelas fotos que destes possuo inclusive da Sé de Miranda verifico que muitos locais de culto têm escadas sejam no alçado principal ou outros em pior estado que os que constam da foto abaixo ou seja da igreja de Castelo Branco. E porque não fazer referencia a igreja de Algosinho Românico- Gótica?
A capela Mor mantém o lageado em granito original, e os arcos não tem placas alusivas a nada mas o resto da igreja está em terra mantendo a traça que lhe valeu ser o que é, Património cultural do Norte classificado pela Direcção Regional do Norte. Ainda no ano anterior ali se efectuaram os concertos da Polifonia com a orquestra do Porto.
Falta ainda salientar que ao longo da história da igreja de Castelo Branco desde a Comenda de Sta Maria a Velha até à construção da Igreja no local onde se encontra sempre foram os "fregueses que custearam as obras por imposição, ou melhor, o povo suportava as obras do corpo da igreja e os abades suportavam as alfaias, os paramentos, as hóstias ou pão para as fazer.
Não venham dizer que na Igreja manda só o pároco.
Para terminar, peço que tenham em linha de conta que tal obra não carece da necessidade que dizem ter pois não passa de um embuste de um colégio que não respeita, não gosta e com espírito de destruição de um património que urge preservar.
Pela minha parte já fiz o que me competia, informação ao Instituto do Património e outras instituições.
Aguardo com expectativa os acontecimentos e que boas noticias venham em prol da conservação do Património já destruído o quanto baste.
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Escadas construídas antes do ano de 1532 |
PELA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO E RESPEITO PELA HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DE CASTELO BRANCO.
Isaías Cordeiro